6.7.12

Mundo Fantástico de Mário Gruber


O Centro Cultural Correios Rio de Janeiro inaugurou a exposição O Mundo Fantástico de Mario Gruber, que faleceu em dezembro passado aos 84 anos. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra apresenta um panorama completo da obra do artista, realizada ao longo de seis décadas de atividade artística. São 125 obras, entre pinturas, desenhos, matrizes e gravuras.

Durante toda sua vida Gruber trilhou um caminho único. A reboque de todos os modernismos inspirou-se nos mestres do passado, criou sua própria e requintada técnica de pintura e debruçou-se sobre um realismo mágico inteiramente pessoal. Alcançou o sucesso e a fama, foi igualmente endeusado e repudiado, mas nunca pode ser acomodado em nenhum dos nichos criados pela crítica de arte: Gruber é Gruber.

Gruber ficou conhecido mesmo por suas gravuras, em que sobressaía um engajamento político, sendo a fase mais fértil a produção dos anos 50. Gruber fundou o Clube da Gravura de Santos e chegou a dar aulas do suporte no Museu de Arte Moderna de São Paulo e na Fundação Armando Álvares Penteado.




Depois de conhecer o artista mexicano Diego Rivera durante uma passagem pelo Chile, Gruber também se dedicou a fazer murais e obras públicas, chegando a ter trabalhos instalados na praça da Sé, no Memorial da América Latina e no aeroporto de Guarulhos.


Seu mural poeticamente batizado como “Assim como sempre, o amanhã está em nossas mãos”, embeleza a plataforma central da Estação da Sé, a mais movimentada do Metrô. Com 50 metros quadrados de área, a peça feita em acrílico e vinil foi inaugurada em 25 de janeiro de 1987, após nove anos sendo manufaturada pelo artista.

Na década de 1940, o artista pintava e gravava retratos, paisagens e naturezas-mortas seguindo os caminhos da arte da época, mas já buscando sua própria forma de expressão. Na década de 1950, alguns temas e características particulares tornaram-se evidentes: a preocupação com a qualidade técnica, o uso dramático do claro-escuro e uma predileção pela figura humana, captada em sua condição de espanto e solidão. Obras, como Meninos e Engraxate prenunciam o aparecimento do Muleque Cipó, personagem arquétipico que Gruber irá retratar sob diferentes nomes ao longo de muitos anos, sempre evidenciando a condição do menino pobre, irreverente, triste, desprotegido - e perigoso.

Nos anos 1960, aparece o tema dos Fantasiados que o artista pinta também por muito tempo, mergulhando, cada vez mais fundo, no onírico mundo dos máscaras, compondo imagens eivadas de símbolos e sempre usadas como formas de entender o real. Nos anos de chumbo da ditadura, através dos Anjos da Renascença Brasileira, Gruber denuncia a censura que transformava a todos em marionetes, em anjos de asas que não voavam. A série Profeta dos Anzóis, iniciada nos anos 1980, estendeu-se até os anos 1990, levantando questões existenciais entre metáforas de chaves e anzóis. Em 2000, o artista, conhecido como exímio colorista, ousou realizar um conjunto de obras monocromáticas que encerra o grupo de pinturas.


"Fantasiado com bastão"

A exposição apresenta também um extenso grupo de gravuras e matrizes nas quais fica evidente a maestria de Gruber no manejo da goiva e do buril, sua inventividade na experimentação e seu engajamento em questões humanitárias.

Mário Gruber com a neta Lorena Hollander no Memorial da América Latina, em 2009



Serviço:
Exposição: “O Mundo Fantástico de Mário Gruber”
Visitação: até 12 de agosto de 2012 – ter a dom, das 12 às 19h – GRÁTIS – Class. Livre
Local: Centro Cultural Correios (Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro) - 2253-1580
Realização: Centro Cultural Correios
Patrocínio: Correios
Curadoria: Denise Mattar.

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